terça-feira, 26 de junho de 2012

Si vis pacem, para helium




"Chamamos hoje os deuses de "fatores", palavra que provém de "facere" (fazer). Os que fazem ficam por detrás dos cenários do teatro do mundo. Tanto no grande, como no pequeno. Na consciência, somos nossos próprios senhores; aparentemente somos nossos próprios "fatores". Mas se ultrapassarmos o pórtico da sombra, percebemos aterrorizados que somos objetos de fatores. Saber isso é decididamente desagradável, pois nada decepciona mais do que a descoberta de nossa insuficiência"


(Carl Jung in Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo)

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Truth Hurts



Andei pensando no "estilo de vida Tyler Durden" nos últimos dias. Um tanto quanto drástico, mas funcional...

É irracional pensar que se pode ter controle sob cada aspecto da vida. Certo!? Nos debatemos, angustiados com questões mil de nossas vidas: dinheiro, profissão, status, filhos... Nos vemos exaustos, porque tal qual no filme clube da luta, nos auto socamos a cara o dia todo, todos os dias. Quebramos nossas cabeças em busca de... conforto emocional.

"Será que não vou me libertar de suas regras rígidas?
Será que não vou me libertar de sua arte inteligente?
Será que não vou me libertar dos pecados e do perfeccionismo?
Digo: evolua, mesmo se você desmoronar por dentro"

Porque afinal de contas...

"Nada é estático
Tudo é movimento
E tudo está desmoronando
Esta é sua vida
[Melhor do que isto não pode ficar]
E ela acaba um minuto por vez"

Temos uma "neurose" nata que tenta nos manter dentro de nossas bolhas fantasiosas, pra evitar que soframos, buscamos uma resposta em cada esquina, no primeiro "milagreiro" que nos ofereça "paz", nos auto sabotamos.

"Com relação à distribuição dos destinos, persiste a desagradável suspeita de que a perplexidade e o desamparo da raça humana não podem ser remediados. Isto justifica o anseio do homem pelo pai e pelos deuses, que mantém sua tríplice missão: exorcizar os terrores da natureza, reconciliar os homens com a crueldade do destino, particularmente a demonstrada pela morte, e compensá-los pelos sofrimentos e privações que a vida lhe impôs" (Freud)

Só que depois de apanhar um pouco, começamos a nos questionar, e, a "vida" revela o caminho: Primeiro vem o "confronto", o "espelho", o "inconsciente revelado":

"Fomos criados através da TV para acreditar que um dia seríamos milionários e estrelas do rock. Mas não seremos. Aos poucos tomamos consciência do fato, e estamos ficando muito, muito putos com isso" (Durden)

Passado o "cair na real" começam a surgir algumas fases tipo "revolta", "desespero", "inconformismo", depois começamos a perceber que não há nada que possamos fazer, porque não temos o controle, e por fim, passamos da morte do "eu cego" para o renascimento do "eu revelado", então, "desapego", "deixar fluir", "carpe diem", "neurose not" e "stop mimimi" começam a fazer todo o sentido.

"Somente após uma desgraça conseguirá despertar
Somente depois de perder tudo, poderá fazer o que quiser" (Tyler)

Dramático, como o cinema tem que ser, mas aí vem um homem da ciência e diz exatamente a mesma coisa:

"O homem que não atravessa o inferno de suas paixões também não as supera. Elas se mudam para a casa vizinha e poderão atear o fogo que atingirá sua casa sem que ele perceba. Se abandonarmos, deixarmos de lado, e de algum modo esquecermo-nos excessivamente de algo, corremos o risco de vê-lo reaparecer com uma violência redobrada" (Carl Jung)


Do ensaio da cegueira nata, seguido do clube da luta interna, passado pela catarse, eis que chegaremos ao auto conhecimento, e, quiçá, possamos nos tornar pessoas melhores para nós mesmas, porque ninguém é bom com o outro se não for primeiro consigo mesmo.
Resumindo é uma luta de ID x Superego.
Não é atoa que "Tyler Durden" é subproduto da mente do Narrador.
Uma revolução mental...
Afinal, você já sabe que:


"Você abre a porta e entra
Está dentro do seu coração
Imagine que sua dor é uma bola de neve que vai curar você
Esta é sua vida
É a última gota pra você
Melhor do que isso não pode ficar
Esta é sua vida
Que acaba um minuto por vez
Isto não é um seminário
Nem um retiro de fim de semana
De onde você está, não pode imaginar como será o fundo
Somente após uma desgraça conseguirá despertar
Somente depois de perder tudo, poderá fazer o que quiser
Nada é estático
Tudo é movimento
E tudo esta desmoronando
Esta é sua vida
Melhor do que isso não pode ficar
Esta é sua vida
E ela acaba um minuto por vez
Você não é um ser bonito e admirável
Você é igual à decadência refletida em tudo
Todos fazendo parte da mesma podridão
Somos o único lixo que canta e dança no mundo
Você não é sua conta bancária
Nem as roupas que usa
Você não é o conteúdo de sua carteira
Você não é seu câncer de intestino
Você não é o carro que dirige
Você não é suas malditas calças
Você precisa desistir
Você precisa saber que vai morrer um dia
Antes disso você é um inútil
Será que serei completo?
Será que nunca ficarei contente?
Será que não vou me libertar de suas regras rígidas?
Será que não vou me libertar de sua arte inteligente?
Será que não vou me libertar dos pecados e do perfeccionismo?
Digo: você precisa desistir
Digo: evolua mesmo se você desmoronar por dentro
Esta é sua vida
Melhor do isso não pode ficar
Esta é sua vida
e ela acaba um minuto por vez
Você precisa desistir
Estou avisando que terá sua chance"


(Tyler Durden; Clube da Luta)


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Vida aleatória



A possibilidade de "acidentes aleatórios" tornarem matéria inanimada em matéria viva – cingimo-nos aqui a aspectos da Biologia Molecular. Considere-se um cálculo do famoso ateu e cientista Sir Fred Hoyle. Hoyle defendeu que até as mais simples células vivas são extremamente complexas, contendo muitos ácidos nucleicos, enzimas e moléculas, todas juntas numa sequência muito precisa. Hoyle fez um cálculo das hipóteses que teriam cada 20 aminoácidos em aparecerem na Natureza na correcta sequência para formar uma célula viva: a probabilidade é [4] de 1 em 1020 X2.000 = 1 hipótese de 1040.000: 1 seguido de 40.000 zeros= (número astronômico!). Porque os matemáticos normalmente consideram a hipótese de 1 em 1050 como uma impossibilidade matemática, Hoyle concluiu que a vida não poderia ter aparecido por intermédio de atividade aleatória terrestre, mesmo que todo o Universo fosse composto por massa pré-biótica. 

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Imanência




"Quanto à impossibilidade de nela se fazer circular o sentido, o melhor exemplo é o de Deus. As massas conservaram dele somente a imagem, nunca a Idéia. Elas jamais foram atingidas pela Idéia de Deus, que permaneceu um assunto de padres, nem pelas angústias do pecado e da salvação pessoal. O que elas conservaram foi o fascínio dos mártires e dos santos, do juízo final, da dança dos mortos, foi o sortilégio, foi o espetáculo e o cerimonial da Igreja, a imanência do ritual - contra a transcendência da Idéia. Foram pagãs e permaneceram pagãs à sua maneira, jamais freqüentadas pela Instância Suprema, mas vivendo das miudezas das imagens, da superstição e do diabo. Práticas degradadas em relação ao compromisso espiritual da fé? Pode ser. Esta é a sua maneira, através da banalidade dos rituais e dos simulacros profanos, de minar o imperativo categórico da moral e da fé, o imperativo sublime dosentido, que elas repeliram. Não porque não pudessem alcançar as luzes sublimes da religião: elas as ignoraram. Não recusam morrer por uma fé, por uma causa, por um ídolo. O que elas recusam é a transcendência, é a interdição, a diferença, a espera, a ascese, que produzem o sublime triunfo da religião. Para as massas, o Reino de Deus sempre esteve sobre a terra, na imanência pagã das imagens, no espetáculo que a Igreja lhes oferecia"

(Jean Baudrillard)