segunda-feira, 27 de julho de 2009

Sinais


"Contar estrelas, constelações,
Medir nos céus imensidões,
Faz aumentar nossa solidão.
Profetas vêm, prometem mais
Pra quem disser "Amém"
Mas tempos tão globais,
Têm seus poréns, nada virtuais.
Já se escreveu que falsos Messias
Com novas magias vamos ver.
Não há crença sem recompensa,
Nem superstições
Tornam intensas as diferenças,
incompreensões.
Jerusalém sofreu demais
Cometas de Belém não são celestiais.
Nem faltarão Sete Sinais.
De volta ao templo os vendilhões,
Prá venerar deuses bufões,
Quem desta vez sacrificarão?!
E não vão dizer
Que ninguém sabia da hipocrisia
E seu poder.
Nem ciências, inteligências
Ou loucas ambições,
Nos livraram
De incoerências
Ou imperfeições"

Almir Sater

quinta-feira, 23 de julho de 2009

O mundo precisa de pessoas...


Que não podem ser compradas;

Que a sua palavra é a sua honra;

Que colocam o caráter acima da riqueza;

Que possuam opiniões e vontades;

Que são maiores que seus empregos;

Que não hesitam em assumir os riscos;

Que não irão perder sua individualidade no meio de uma multidão;

Que serão honestas nas coisas pequenas e nas grandes;

Que não se comprometerão com o que é errado;

Cujas ambições não estão confinadas aos seus desejos egoístas;

Que não irão dizer que fizeram algo "porque todo mundo fez";

Que são verdadeiros com seus amigos que têm boa ou má fama, na adversidade e na prosperidade;

Que não acreditam que a astúcia, malícia e teimosia são as melhores qualidades para se alcançar o sucesso;

Que não tem vergonha ou medo de lutar pela verdade quando ela for impopular;

Que conseguem dizer "não" enfaticamente, apesar do resto do mundo estar dizendo "sim".

terça-feira, 14 de julho de 2009

Felicidade com Poucos Bens


Embora a experiência me tenha ensinado que se descobrem homens felizes em maior proporção nos desertos, nos mosteiros e no sacrifício do que entre os sedentários dos oásis férteis ou das ilhas ditas afortunadas, nem por isso cometi a asneira de concluir que a qualidade do alimento se opusesse à natureza da felicidade. Acontece simplesmente que, onde os bens são em maior número, oferecem-se aos homens mais possibilidades de se enganarem quanto à natureza das suas alegrias: elas, efectivamente, parecem provir das coisas, quando eles as recebem do sentido que essas coisas assumem em tal império ou em tal morada ou em tal propriedade. Para já, pode acontecer que eles, na abastança, se enganem com maior facilidade e façam circular mais vezes riquezas vãs. Como os homens do deserto ou do mosteiro não possuem nada, sabem muito bem donde lhes vêm as alegrias e é-lhes assim mais fácil salvarem a própria fonte do seu fervor.


(Antoine de Saint-Exupéry, in ‘Cidadela’)

A Procura do Génio

É triste pensar assim, mas não há dúvida que o Génio dura mais que a Beleza. É por isso que todos nós nos esforçamos tanto por nos cultivar. Na luta selvagem pela existência, queremos ter algo que dure e por isso enchemos as nossas mentes de entulho e factos, na esperança vã de mantermos o nosso estatuto. O homem perfeitamente bem informado, é esse o ideal moderno. E a mente do homem perfeitamente bem informada é uma coisa medonha. É como uma loja de bricabraque, só mamarrachos e pó, todas as coisas cotadas acima do seu valor.

*Oscar Wilde, in “O Retrato de Dorian Gray”

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Aos céticos de plantão


"[Ele] nunca se interrogou acerca do motivo pelo qual precisava falar continuamente sobre [religião], porque esse pensamento a tal ponto se apoderara dele. Nunca percebeu que a 'monotonia da interpretação' traduzia uma fuga diante de si mesmo ou de outra parte de si que ele teria talvez que chamar de 'mística'. Ora, sem reconhecer esse lado de sua personalidade, era-lhe impossível pôr-se em harmonia consigo mesmo.(...) Ele tornou-se vítima do único lado que podia identificar, e é por isso que o considero uma figura trágica: pois era uma grande homem..." - Parafraseando Jung

P. S. Também serve aos religiosos bitolados.